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.No caminho de Kumano – encostado na árvore (III)(Nas duas colunas anteriores, falo da ida ao caminho de Kumano, no Japão, ondedescubro que durante a peregrinação existe uma prática espiritual, oShugêndo).- Já ouviu falar em shugêndo? Disseram-me que é uma relação de amor e dor com anatureza – comento com o biólogo que Katsura me apresentou, e que agora caminhacomigo pelas montanhas.- Shugêndo significa: “o caminho da arte de acumulação de experiência” –responde ele, mostrando que seu interesse vai além da variedade dos insetos daregião - Disciplinar seu corpo para aceitar tudo que a natureza tem paraoferecer; assim você também educa sua alma para o que Deus nos oferece.Olhe asua volta: a natureza é mulher, e como toda mulher, nos ensina de uma maneiradiferente.Encoste sua coluna vertebral na árvore.Ele me aponta um cedro de mais de dois mil anos, com uma grossa corda estendidaa sua volta.Na religião local, tudo que está circundado por uma corda é umamanifestação especial da Deusa da Criação, e considerado um lugar sagrado.Eu encosto minhas costas no cedro, fecho os olhos, e o biólogo começa acontar-me que naquela região existe apenas dez árvores como aquela.Quando asperegrinações começaram, no ano 975, o lugar estava coberto de cedros milenarese árvores centenárias, cujas folhas – diz o biólogo – brilhavam com o sol.Noséculo XIX, quando a revolução Meiji obrigou a separação dos templos xintoístase budistas (antes disso, muitos deles ocupavam a mesma área, e conviviam emperfeita paz), florestas inteiras foram derrubadas, para que novos lugares deculto pudessem ser construídos.- Tudo que é vivo contem energia, e esta energia se comunica entre si.Se vocêmantém sua coluna encostada no tronco, o espírito que habita a árvore iráconversar com o seu espírito, e tranquiliza-lo de qualquer aflição.Claro que,como biólogo, devo dizer que a emanação de calor, etc.mas sei que tambémexiste verdade na explicação mágica dos meus antepassados.Eu estou de olhos fechados, e procuro imaginar a seiva da árvore subindo dasraízes até as folhas, e ao fazer este movimento, provocando uma onda de energiaque afeta tudo ao redor.Meu espírito vai ficando em paz, deixo a fantasiafuncionar, e de repente me imagino dentro do caule, sem pensar, sem meditar,apenas em repouso absoluto.- Aqui perto, por exemplo, os sinais da natureza decidiram o futuro da região.Ouço a voz do biólogo me contando que, no ano 1185, dois samurais lutavamferozmente pelo poder no Japão.O governador de Kumano não sabia quem iriavencer; certo que a natureza sempre tem a resposta, colocou sete galos vestidosde vermelho para lutar contra outros sete vestidos de branco.Ganharam os debranco, o governador apoiou um dos guerreiros, e fez a aposta certa: em poucotempo, aquele samurai dominava o país.- Agora me diga: você prefere acreditar que o apoio do governador que decidiu aluta, ou os galos deram o sinal divino sobre quem terminaria conquistando opoder?- Eu acredito em sinais – respondo, saindo mentalmente do meu confortávelestado vegetal, e abrindo os olhos.– Foram os sinais que me trouxeram atéaqui, embora eu ainda não consiga entender direito o que estou fazendo.- As viagens sagradas a Kumano começaram muito antes da introdução do budismono Japão; até hoje existem por aqui homens e mulheres que passam, de geração emgeração, a idéia de que um “casamento” com tudo que está a sua volta deve serfeito como um verdadeiro matrimônio: com entrega, alegrias, sofrimentos, massempre juntos.Utilizavam o Shugêndo para permitir esta entrega total, semmedo.Abro os olhos,e sinto-me repousado pela energia que a árvore me transmitiu.- você pode me ensinar um exercício de Shugêndo? O único que sei é amarrar-senuma corda e atirar-se contra as rochas de um despenhadeiro; francamente, nãotenho coragem para isso.- Por que você quer aprender?- Porque sempre considerei que o caminho espiritual não envolve necessariamenteo sacrifício e a dor.Mas, como disse alguém que encontrei nesta viagem, épreciso aprender o que se precisa, não o que se quer.- Cada um faz o exercício que a Terra pedir; conheço um homem que subiu edesceu mil vezes, durante mil dias, uma montanha perto daqui.Se a Deusa quiserque você pratique Shugêndo, ela lhe dirá como fazer.Ele tinha razão.No dia seguinte, isso aconteceu.(continua na próxima semana) [ Pobierz caÅ‚ość w formacie PDF ]

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